O maior benfeitor de Crato
O
então Pe. Vicente de Paulo Araújo Matos (terceiro da direita para a
esquerda) quando era diretor do Colégio Castelo, de Fortaleza.
Está preservado, no imaginário popular das gerações cratenses, o ato de Dom
Vicente de Paulo Araújo Matos ter sido “O maior benfeitor de Crato”.
E isso é uma verdade inegável. Quando Dom Vicente Matos chegou ao
Cariri, em 15 de agosto de 1955 – ainda como “Bispo-Auxiliar” – a
cidade de Crato era ainda acanhada, quando comparada aos centros mais
desenvolvidos do Nordeste brasileiro de então.
Homem
profundamente bom e generoso, Dom Vicente se deparou, quando aqui
chegou, com uma população em sua maioria pobre e sofrida. O
analfabetismo era uma das chagas sociais aqui existentes, principalmente
na zona rural. Dom Vicente iniciou, então, suas viagens ao Rio de
Janeiro, à época capital do Brasil. Tornou-se rotinas seus deslocamentos
em busca de recursos para melhorar o quadro econômico/social do Sul do
Ceará.
Vivíamos, àquela época, uma fase de democracia plena
(coisa rara nesta República), sob o comando do então Presidente da
República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. Homem cordial, sereno, e
paciente, Dom Vicente Matos acostumou-se a esperar – com humildade e
tenacidade – nas antessalas das repartições públicas e ministérios, ser
recebido pelas autoridades, buscando benefícios para o povo do Cariri.
Por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Igreja
Católica elaborou um projeto educacional de dimensão nacional, em
parceria com o Ministério da Educação. Nesse projeto, foram utilizadas
as emissoras de rádio católicas, visando extinguir o analfabetismo do
Nordeste brasileiro. Em Crato isso foi feito por meio da Rádio Educadora
do Cariri. Surgiu assim, entre nós, a educação radiofônica rural, sob
os auspícios do Movimento de Educação de Base (MEB). Graças ao empenho
de Dom Vicente Matos, o Sul do Ceará conseguiu notável avanço no tocante
à erradicação do analfabetismo em todo o território da Diocese de
Crato.
Outra frente de luta de Dom Vicente Matos foi na
área da saúde pública. Na década 50 do século passado, o Cariri cearense
era conhecido, no Brasil, como um dos maiores focos de “tracoma”.
Tracoma era uma infecção que afetava os olhos da população rural e,
quando não tratada corretamente, ocasionava cicatrizes nas pálpebras e
até cegueira. Dom Vicente, àquele tempo já amigo do então Ministro da
Saúde, Dr. Mário Pinotti, conseguiu recursos e medicamentos, dentro da
“Campanha Federal Contra o Tracoma". Fruto dessa parceria, firmada entre
o Departamento Nacional de Saúde Pública e a Diocese de Crato, foi que,
já nos primeiros anos da década 60, o “tracoma” tinha sido erradicada
da zona rural dos municípios caririenses.
Por essa
época, o Hospital São Francisco de Assis, pertencente à Diocese de
Crato, atendia praticamente a todo o Cariri. Contando com um eficiente
diretor, Mons. Pedro Rocha de Oliveira, algumas verbas foram conseguidas
por Dom Vicente para aquela unidade hospitalar. O ministro Mário
Pinotti chegou a visitar Crato, representando o Presidente Juscelino
Kubitschek na inauguração da Rádio Educadora do Cariri.
Prezado Armando - O titulo de maior benfeitor do Crato é merecido por Dom Vicente com distinção e louvor.
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