A reparação que Crato fez à memória de Dom Vicente Matos
Missa pelo centenário de nascimento de Dom Vicente Matos, na
Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha: ao fundo a cadeira onde, tantas vezes,
o 3º Bispo de Crato pregou a doutrina de Cristo
Os
eventos e solenidades – feitas pela população de Crato, entre 1º e 11 e
junho de 2018 – comemorativas ao centenário de nascimento de Dom
Vicente de Paulo Araújo Matos tiveram uma ressonância bem maior do que
se possa imaginar.
Durante anos, no fecundo episcopado de Dom Vicente, uma minoria da
população não teve o respeito devido à pessoa daquele bom pastor de
almas. Dir-se-ia que nem só aqueles detratores, mas, também, sobre a boa
fama de toda a Cidade de Frei Carlos, caiu o peso de um grande pecado que exigia punição, a não ser que fosse feita uma reparação pela afronta perpetrada ao “Maior benfeitor de Crato”.
É grave qualquer afronta feita a qualquer sacerdote da Igreja de Cristo.
Ainda que ele seja um mau sacerdote. Imagine, então, quando afrontas são
feitas a um bispo, e se esse bispo foi bom – além de legítimo sucessor
dos Apóstolos, prestador de relevantes serviços à Igreja Particular de
Crato, mesmo sofrendo injustificável rejeição por parte de uma parcela
ínfima do seu rebanho.
No livro “Santa Catarina de Sena, “O Diálogo” (Cap. 28. pp. 237-240, Editora Paulus, 9ª edição, São Paulo, 2005) lemos algumas revelações feitas por Deus àquela grande mística da Igreja Católica. A conferir.
“ Certa vez eu te manifestei essa verdade numa visão, para indicar o grande respeito que os leigos devem ter pelos ministros, bons ou maus que eles sejam, e quanto me desagrada que alguém os ofenda (...) De fato, é assim que eu quero que aconteça. Pela dignidade e autoridade confiada a meus ministros, retirei-os de qualquer sujeição aos poderes civis. A lei civil não tem poder legal para puni-los; somente o possui aquele que foi posto como senhor e ministro da lei divina. A respeito deles diz a Escritura: “Não toqueis nos meus cristos” (Sl 105, 15). Quem os punir cairá na maior infelicidade”.
“Afirmo-te que devem ser respeitados pela autoridade que lhes dei, e por isso mesmo não podem ser ofendidos. Quem os ofende, a mim ofende. Disto a proibição: “Não quero que mãos humanas toquem nos meus cristos”! Nem poderá alguém escusar-se, dizendo: “Eu não ofendo a santa Igreja, nem me revolto contra ela; apenas sou contra os defeitos dos maus pastores”! Tal pessoa mente sobre a própria cabeça. O egoísmo a cegou e não vê. Aliás, vê; mas finge não enxergar, para abafar a voz da consciência. Ela compreende muito bem que está perseguindo o sangue do meu Filho e não os pastores. Nestas coisas, injúria ou ato de reverência dirigem-se a mim. Qualquer injúria: caçoadas, traições, afrontas. Já disse e repito: não quero que meus cristos sejam ofendidos. Somente eu devo puni-los, não outros”.
Por aí se vê todo o acerto que as atuais gerações de cratenses tiveram
em reparar a memória ultrajada de Dom Vicente de Paulo Araújo Matos,
pelas irreverências, deboches e fofocas assacadas contra ele, à época
que foi o Bispo de Crato. Que esta reparação mova o coração
misericordioso de Jesus Cristo para que nossa cidade não venha a ser
castigada pelos pesados pecados aqui cometidos contra a pessoa de um
bispo bom, digno e detentor de muitas virtudes...
Homenagem e reconhecimento merecidos
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