TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
Aqui eu vejo Iracema
Do escritor Zé de Alencar,
Vejo as ondas do mar
Lá na Volta da Jurema.
Mas pra fazer um poema
Falta minha inspiração
Porque nessa agitação
O verso não sai normal.
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
No sertão minha alegria
É ouvir de madrugada,
O canto da passarada
Na mais perfeita harmonia.
Depois que amanhece o dia
Agradeço a atenção
E vou noutra direção
Tirar leite no curral.
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
No litoral tem o mar
Mas não tem cheiro de serra
Como tem na minha terra
Que Deus mandou colocar.
Eu costumo até falar
Que Deus fez habitação
Aqui no nosso torrão
Com a licença divinal.
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
Eu rimo assim desse jeito
Porque estou dividido,
No sertão eu fui nascido
Não posso esquecer meu leito.
Pretendo rimar direito
Os dois locais em questão,
Para que meu coração
Permaneça imparcial.
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
Eu moro numa cidade
Cercada de passarela,
Chamam Fortaleza bela
Mas isso não é verdade.
Aqui a realidade
É o lixo pelo chão,
E em cada quarteirão
Uma rampa escultural.
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
Sou um matuto acanhado
Nascido numa ribeira
De contraste e brincadeira
Lá do Vale do Machado.
Sou do tempo que veado
Não decorava mansão
E nem deslocava a mão
Porque era um animal
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
Sinto-me bem na chegada
E muito mais na saída,
Não deixo na despedida
Nenhuma porta fechada.
Eu não esqueço a enxada
Que eu plantava feijão,
Nem da sombra do oitão
Que eu brinquei com Juvenal.
TENHO UM PÉ NO LITORAL
E O OUTRO NO SERTÃO.
Dedicado a Vicente Almeida e a Flor da Serra Verde.
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Grande Mundim.
ResponderExcluirParabens.
Meu bom poeta Mundim
ResponderExcluirAqui vou lhe aconselhar
Pois onde você estar
É um ninho de guaxinim
Só se tem noticia ruim
É irmão matando irmão
É uma desmoralização
Pro poder estadual
Tiro um pé do litoral
Ponha os dois o sertão
Volte para o kariri
Que Claud e Cláudio lhes espera
Sai do meio dessas fera
Venha morar por aqui
Comer baião com pequi
Ou o pequi com baião
Na casa de bastião
Ou então de Nicolau
Tiro um pé do litoral
Ponha os dosi no sertão
O que se escuta falar
É o povo na incerteza
De ter comida na mesa
Se tem ou se vai faltar
Como é tu ainda estar
Vendo está situação
Veja que no nosso torrão
Tem arroz feijão e sal
Tire um pé do litoral
Ponha os dois no sertão
Só nesse final de semana
Mortos foram bem dezoito
Matam e dizem eu açoito
E sabem bebendo cana
Igual cobra canina
Que eu que nela eu confio não
Seja um homem de ação
Tenda a seu pessoal
Tire um pé do litoral
Coloque os dois no sertão