Quem não gosta nem um pouco dessa história de falso nove é Tostão, o “ mineirinho de ouro”, que formou na maior seleção brasileira de todos os tempos na copa de 1970.
Todos sabem que na conquista do tri, Zagalo dispunha de dois verdadeiros camisa nove – Roberto Miranda do Botafogo e Dario do Atlético Mineiro.
Na época, o verdadeiro centro avante tinha que ser rompedor, não precisava possuir habilidades, importava que tivesse o “peito de aço” como Vavá, bi-campeão de 1958 e 1962.
Quer dizer, para se ter o “falso” nove é necessário explicar qual era o verdadeiro.
Se bem que, Vavá não era um camisa nove “casca grossa” como se apregoava.
Dizia-se que Tostão disputaria a camisa dez com Pelé. Zagalo, que não era bobo, sentiu que tinha nas mãos verdadeiras pérolas para alojar no ataque.
Acabou com a conversa de “reserva de luxo” em torno de Rivelino e sacou Edu, ponteiro ofensivo e driblador.
Pelé ficou onde estava, claro, e Tostão foi escalado para flutuar mais à frente com a função de fazer gols e armar jogadas para quem chegava de trás.
De falso não tinha nada como se comprovou
O treinador brasileiro acabou com o papo disseminado na época de que Pelé e Tostão não podiam jogar juntos em função de características não antagônicas.
Aliás, é Tostão quem afirma: o camisa nove, jogador de referência da área, pode ser habilidoso ou não; será sempre um atacante de referência.
Mesmo com a consagração de um selecionado maravilhoso, nem assim os clubes abriram mão de ter o artilheiro “grosso” ou “tanque”, mas fazedor de gols.
Com a evolução das sistematizações de jogo e a partir do tic-tac do Barcelona de Guardiola, cogitou-se abrir mão desse tipo de jogador com dificuldades de atuar em espaço curto.
Passou-se a admitir, pelo protagonismo do jogo coletivo, que o gol tinha de ser resultados de várias camisas suadas e não apenas de um jogador especialista.
A bem da verdade, essa idéia não se consolidou e o homem de área artilheiro, continua sendo essencial como referência para que os demais gravitem em torno dele.
Embora demonstre ser partidário de um finalizador com a camisa nove, Adilson Batista, treinador do Ceará, parece pedir licença para escalar Bergson de saída.
Mesmo com baixo prestigio junto à torcida, o paraense tem sido a solução marcando dois gols ao entrar durante as últimas partidas.
Sendo assim, Adilson tem que remover os pruridos e, fiel às suas convicções táticas, colocar o jogador.
Pelo menos, Bergson, atrapalhado muitas vezes pelo seu ímpeto, não nega fogo na busca enfurecida do gol.
Se vai dar certo, não se tem certeza.
Não existe garantia em futebol.
Menino ainda, eu ouvia Waldir Amaral e Fiori Gigliotti narrando gols do Fio no Flamengo, Flávio no Corintians , Cesar Maluco no Palmeiras ETC. Jeito e classe com a bola nada tinham, mas eram gols a cada partida. Dava gosto ouvir.
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