Formado em medicina pela Universidade de Taubaté, Geraldo Alckmin especializou-se em anestesia. Mas nem recorrendo a todos os seus conhecimentos profissionais o presidenciável tucano conseguiria explicar o estado de torpor que leva parte do eleitorado paulista a reagir com indiferença às suas pretensões eleitorais. Pesquisa do instituto MDA informa que, no cenário sem Lula, Alckmin (15%) continua numericamente atrás e tecnicamente empatado com Jair Bolsonaro (18,9%) em São Paulo. Se não diagnosticar rapidamente a causa do fenômeno, o doutor arrisca-se a transformar o berço do PSDB no túmulo de sua candidatura.
Em São Paulo, o tucanato desfruta de uma hegemonia política que dura mais de duas décadas. Entre todos os tucanos, Alckmin foi o que governou o Estado por mais tempo: quatro mandatos. Dono de um carisma anestésico, reivindica o rótulo de “gestor”. Comparada à ruína do Rio, que levou Sérgio Cabral para Bangu 8, sua obra administrativa seria um ativo político. Mas um pedaço do eleitorado dá de ombros, flertando com o capitão.
Por quê? A imagem de Alckmin pode ter sido corroída pela ferrugem que toma conta do PSDB e pela radioatividade que o governo de Michel Temer transmite aos partidos que o ajudaram a sentar no trono. Ainda que consiga transferir o contágio de Temer para o rival Henrique Meirelles (MDB), Alckmin terá de lidar com logomarcas e nomes que aceleram a corrosão de sua candidatura: Odebrecht, Rodoanel, Centrão, Alston, Simens, Paulo Preto, Aécio…
Com 33 milhões de eleitores, São Paulo é o maior colégio eleitoral do país. Alckmin precisaria registrar um desempenho retumbante no seu Estado para compensar os votos que o PSDB não possui no Norte e no Nordeste e os que perdeu no Sul e no Centro-Oeste, sobretudo para Bolsonaro e para o ex-tucano Alvaro Dias. Ou o presidenciável tucano se recompõe no berço do seu partido ou se arrisca ficar de fora do segundo turno. Alckmin alega que o jogo está apenas começando. Sustenta que escalará as pesquisas quando for ao ar a propaganda eleitoral, a partir de 31 de agosto. Será?
Corroída por Eduardo Azeredo, Aécio Neves, a indefinição entre largar o governo e não largar. O fato é que a ferrugem destruiu um grande líder.
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