As máscaras de Lula que o PT aplicou sobre o rosto de seus militantes deu à convenção nacional do partido uma aparência de uniformidade.
''Somos milhões de Lulas, como ele pediu'', discursou Gleisi Hoffmann. Contudo, a euforia numérica da presidente do PT e o nivelamento teatral da multidão não traduzem com precisão o que se passa nos subterrâneos do partido.
Ali, uma minoria inquieta manifesta contrariedade com a tática eleitoral ditada pelo bunker carcerário de Curitiba.
A banda dos insatisfeitos inclui, entre outros grão-petistas, Jaques Wagner e Tarso Genro ambos serviram ao governo Lula como ministros. Um petista explicou ao blog: “Somos todos solidários a Lula. Mas isso não nos impede de enxergar a realidade.
O que une os divergentes é a percepção de que o freio imposto por Lula, retardando o Plano B, prejudica o partido. O que divide o grupo é a falta de consenso quanto ao melhor plano alternativo.”
O incômodo da ala minoritária aumentou depois que Lula deu uma rasteira em Ciro Gomes, empurrando o PSB para fora da coligação do presidenciável do PDT. Um pedaço da oposição interna avalia que, em vez de hostilizar, Lula deveria considerar a hipótese de uma aliança com Ciro ainda no primeiro turno.
Outra banda não se conforma com o custo do acerto de Lula com o PSB. Foi ao mar a competitiva candidatura da petista Marília Arraes ao governo de Pernambuco.
Proliferam também as críticas à decisão de Lula de retardar a indicação do candidato a vice na chapa do PT. O grande receio é o de que, cutucado por Lula com o pé, o Tribunal Superior Eleitoral resolva morder o PT. No limite, conforme avaliação dos técnico do tribunal, o PT pode ser privado de participar da eleição presidemcial.
A chance de Lula levar em conta as opiniões da minoria inquieta é pequena. No momento, a prioridade de Lula é Lula. A segunda prioridade de Lula também é Lula.
Pelos seus planos, quando o registro de sua candidatura esbarrar na Lei da Ficha Limpa, Lula lançará um poste. Se o escolhido for bem sucedido, seu sucesso e seu mandato pertencerão a Lula. Se o poste tropeçar nas urnas, Lula continuará desempenhando o seu melhor papel. O papel de vítima.
Nesse enredo, se o TSE excluir o PT das urnas, oferecerá a Lula mais matéria-prima para a tese da perseguição política.
Sergio Moro marcou a data para começar a ouvir os depoimentos sobre o caso do sítio de Lula: 27 de agosto.
ResponderExcluirAlexandrino Alencar, executivo da Odebrecht que autorizou pessoalmente as benfeitorias no sítio de Atibaia a pedido de Marisa Letícia, será o primeiro ouvido, publica colunista de O Globo.
“Outros depoimentos se seguirão. O gran finale está marcado para 10 de setembro, quando Lula encarará Moro para tentar explicar o inexplicável.”