A história que se segue, é mais uma das tantas que ficaram gravadas na minha memória. Eu a li há cerca de oito anos numa revistinha portuguesa deste novo milênio, porém escrita num estilo e grafia que, para nós brasileiros, eram parecidos com o que se escrevia por aqui cem anos atrás. Entretanto, ela nos revela a firmeza de caráter e a força do homem que tudo confia na providencia divina. E deste modo, encontra alento para superar os acontecimentos negativos que a vida nos reserva.
Há muitos e muitos anos, havia num certo país, um rei despótico que tinha um secretário muito temente a Deus. Para todo e qualquer acontecimento bom ou mal que sucedesse a esse secretário, ele sempre dizia:
– Se Deus permitiu isso, é porque foi para o meu bem!
O Rei já não agüentava esse seu secretário repetir essa cantilena o tempo todo, com tudo que acontecesse não somente a ele, mas aos outros também.
Num lindo dia de verão, o rei e seus serviçais, incluindo o seu fiel secretário, foram a uma caçada. No meio da mata, surge de repente, um leão feroz que atacou o rei num local onde ele ficara sozinho. Quando os guardas ouviram o barulho, correram para salvar seu soberano, mas o leão já havia decepado um dos dedos da mão do rei.
O soberano ficou muito triste e revoltado com o que lhe sucedera. Blasfemava a todo instante por ter perdido um dedo. Do mais alto do seu orgulho, não aceitava reinar mutilado, como havia ficado. Então o seu bondoso secretário, desejando reanimá-lo, lhe disse:
– Senhor rei, se Deus permitiu isso é porque foi para o vosso bem!
O rei ficou muito indignado com esse seu servo e ordenou aos guardas que o colocassem na masmorra. E lá foi o leal secretário amargar resignado toda a humilhação que uma prisão reserva para qualquer ser humano.
Algum tempo depois, o rei que era viciado em caçadas e aventuras foi com um séquito de guardas a uma expedição numa região inexplorada. Como tinha por hábito afastar-se dos que lhe seguiam, caiu numa armadilha montada por canibais selvagens.
A tribo toda foi reunida para o ritual do sacrifício a que seria submetido aquele forasteiro, que se tornaria alimento, após a cerimônia. De nada valeu ele implorar que o soltassem, pois era um rei muito rico e poderoso. A tribo queria em poucos instantes deliciar-se com aquele manjar que os deuses mandaram de presente. O rei foi colocado num caldeirão de água, sobre quatro grandes pedras a lhe servirem de trempes. O fogo foi aceso e a água já amornada, iniciava a soltar pequenas bolhas. Homens e mulheres daquela tribo dançavam com grande euforia em volta do caldeirão, enquanto aguardavam o momento preciso da carne daquela vítima ficar pronta para o grande banquete. De repente o chefe da tribo ordenou:
– Parem o ritual! Este homem não pode ser sacrificado, pois está incompleto. Falta-lhe um dedo.
E assim o rei foi posto em liberdade, escapando por pouco de ser devorado.
Ao retornar ao seu palácio, o rei mandou trazer à sua presença, aquele secretário que mandara prender. Diante do servo, pediu-lhe mil desculpas. O secretário humildemente respondeu:
– Senhor rei, se Deus permitiu que eu ficasse preso foi para o meu bem!
Ao escutar essas palavras, o rei com muita surpresa, perguntou:
– Como ousas dizer isso? Fui muito injusto com você, um amigo de verdade, e você não ficou revoltado pelo que lhe fiz?
– Se Vossa Majestade não me tivesse mandado para a prisão, eu estaria ao lado do meu Senhor naquela caçada e, os canibais ao notar que eu estava inteiro, iriam me sacrificar, colocando-me no caldeirão de água fervendo para saborearem minha carne.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Há muitos e muitos anos, havia num certo país, um rei despótico que tinha um secretário muito temente a Deus. Para todo e qualquer acontecimento bom ou mal que sucedesse a esse secretário, ele sempre dizia:
– Se Deus permitiu isso, é porque foi para o meu bem!
O Rei já não agüentava esse seu secretário repetir essa cantilena o tempo todo, com tudo que acontecesse não somente a ele, mas aos outros também.
Num lindo dia de verão, o rei e seus serviçais, incluindo o seu fiel secretário, foram a uma caçada. No meio da mata, surge de repente, um leão feroz que atacou o rei num local onde ele ficara sozinho. Quando os guardas ouviram o barulho, correram para salvar seu soberano, mas o leão já havia decepado um dos dedos da mão do rei.
O soberano ficou muito triste e revoltado com o que lhe sucedera. Blasfemava a todo instante por ter perdido um dedo. Do mais alto do seu orgulho, não aceitava reinar mutilado, como havia ficado. Então o seu bondoso secretário, desejando reanimá-lo, lhe disse:
– Senhor rei, se Deus permitiu isso é porque foi para o vosso bem!
O rei ficou muito indignado com esse seu servo e ordenou aos guardas que o colocassem na masmorra. E lá foi o leal secretário amargar resignado toda a humilhação que uma prisão reserva para qualquer ser humano.
Algum tempo depois, o rei que era viciado em caçadas e aventuras foi com um séquito de guardas a uma expedição numa região inexplorada. Como tinha por hábito afastar-se dos que lhe seguiam, caiu numa armadilha montada por canibais selvagens.
A tribo toda foi reunida para o ritual do sacrifício a que seria submetido aquele forasteiro, que se tornaria alimento, após a cerimônia. De nada valeu ele implorar que o soltassem, pois era um rei muito rico e poderoso. A tribo queria em poucos instantes deliciar-se com aquele manjar que os deuses mandaram de presente. O rei foi colocado num caldeirão de água, sobre quatro grandes pedras a lhe servirem de trempes. O fogo foi aceso e a água já amornada, iniciava a soltar pequenas bolhas. Homens e mulheres daquela tribo dançavam com grande euforia em volta do caldeirão, enquanto aguardavam o momento preciso da carne daquela vítima ficar pronta para o grande banquete. De repente o chefe da tribo ordenou:
– Parem o ritual! Este homem não pode ser sacrificado, pois está incompleto. Falta-lhe um dedo.
E assim o rei foi posto em liberdade, escapando por pouco de ser devorado.
Ao retornar ao seu palácio, o rei mandou trazer à sua presença, aquele secretário que mandara prender. Diante do servo, pediu-lhe mil desculpas. O secretário humildemente respondeu:
– Senhor rei, se Deus permitiu que eu ficasse preso foi para o meu bem!
Ao escutar essas palavras, o rei com muita surpresa, perguntou:
– Como ousas dizer isso? Fui muito injusto com você, um amigo de verdade, e você não ficou revoltado pelo que lhe fiz?
– Se Vossa Majestade não me tivesse mandado para a prisão, eu estaria ao lado do meu Senhor naquela caçada e, os canibais ao notar que eu estava inteiro, iriam me sacrificar, colocando-me no caldeirão de água fervendo para saborearem minha carne.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Tentei fazer uma brincadeirinha entre essa história e o Lula, mas não deu. Fazer piada de quem a gente gosta é meio complicado.
ResponderExcluirPorém a história é boa gostei. Tem uma outra também parecida com essa, que é a de um aldeão que morava com seu único filho, e tinha uma Éguinha para sua lida diária. Um dia a Égua sumiu e os vizinhos foram solidarizar-se com o aldeão. E ele diz: Por que vocês acham que isso foi ruim para mim? Vocês não sabem o dia de amanhã? E todos voltaram chateados com o velho. Um tempo depois aparece a égua com um poltrinho. E vem novamente seus visinhos para lhe dar os parabéns e pedirem desculpas ao velho pelo que eles haviam falado. E mais uma vez o aldeão lhes diz: Por que me dão os parabéns? Vocês não sabem o dia de amanhã? E novamente todos saem de lá chateados com o velho. Seu filho ao tentar montar no poltrinho, sofre um acidente caindo e fraturando a perna. Bem, já se sabe. Voltam todos novamente para ajudar ao velho e emitir suas opiniões a respeito do incidente. "Que chato que seu filho sofreu esse acidente..." E a resposta do velho sempre a mesma: Vocês não sabem o que vai acontecer amanhã? E passou o tempo, enquanto isso houve uma grande guerra na china e todos os garotos da idade do filho do aldeão foram convocados para a guerra. Menos o filho dele por estar impossibilitado, fisicamente, para a guerra. E todos os jovens que foram para guerra morreram. Assim o povo da aldeia finalmente compreenderam as palavras do sábio aldeão.
Prezado Carlos Eduardo.
ResponderExcluirCerta vez assistir uma palestra do Professor Alcyr, diretor do Banco dos Proprietarios e ele disse uma frase que esse seu belo texto me fez lembra: " O destino conduz aquele que consente e arrasta o que lhe resiste". Sou dos que entendem que tudo aquilo que nos acontece, assim acontece com a permissão de Deus, o mesmo Deus que depois nos conduz a conformação e resignação.
É...
ResponderExcluirCarlos Esmeraldo
Uma coisa puxa a outro. A sua história é um delírio de sabedoria, e o Jaen Carlos a complementa.
Histórias assim nos levam a repensar a vida e melhorá-la, não é?
abraços
Oi Carlos,
ResponderExcluirSua historinha nos leva a refletir o quanto é importante a presença de Deus na nossa vida. Com a força da fé, podemos "remover montanhas". Então é só deixarmos o nosso coração aberto para Deus.
Beijos da sua Magali!
Alô Jean-Paul, Morais, Vicente Almeida e Magali.
ResponderExcluirVocês enriqueceram o texto que postei com os comentários que fizeram. Um grande abraço!