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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 7 de maio de 2020

Direto ao assunto - Por José Newmanne Pinto.



Para Bolsonaro, o público é dele.

“Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio”, disse o presidente da República, Jair Bolsonaro, a seu ex- ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, conforme revela mensagem por WhatsApp que este entregou à delegada da PF e a três procuradores em depoimento tornado público ontem, a pedido do depoente com a anuência do procurador-geral Augusto Aras e autorização do ministro Celso de Mello, decano do STF. 
A frase, reproduzida em destaque por todos os meios de comunicação hoje, é completada com o sugestivo e chocante uso do pronome adequadamente possessivo na primeira pessoa do singular: “Meu Estado”. Trata-se da forma mais explícita com que um governante misturou o público, não só do privado, mas com a posse. 
Uma matéria-prima para o grande cientista social Raimundo Faoro no seu clássico “Os Donos do Poder”. Apesar de as narrativas fascibolsonaropetistas insistirem que o ex-juiz da Lava Jato fracassou como homem-bomba, só essa frase bastaria para definir o depoimento como bombástico. 
Só não basta porque os eventuais defensores do Estado de Direito contra arreganhos golpistas dele se acovardam.

Bolsonaro agride instituições omissas.

O presidente Jair Bolsonaro não tem papas na língua e diz cobras e lagartos das instituições ditas democráticas como se estivesse em boteco pé de chinelo e assim avança rumo ao autogolpe sem freios. 
Enquanto isso, as ditas instituições, que deveriam proteger o Estado de Direito, ficam à mercê de sua língua de trapo, pois seus usuários, como Dias Toffoli, se acovardam sem dar nome ao boi.

Bolsonaro trata público como privado

“Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”.  Por que a do Rio? “Porque é o meu Estado”. Estas frases constam de uma conversa pelo aplicativo WhatsApp entre o autor, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e seu então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que entregou seus aparelhos de telefonia celular aos interrogadores do depoimento prestado sábado na sede da Polícia Federal em Curitiba no sábado 3 de maio. 
Reveladas com o maior destaque nas edições do dia de todos os meios de comunicação do País, elas expõem com clareza e cinismo uma extrema mistura de público e privado, como nunca talvez antes tenha havido na História. A revelação dessa confissão só se tornou possível porque o decano do STF, Celso de Mello, tirou todo o sigilo do processo de que constam.

Um comentário:

  1. Não se pode nem se deve esperar reação das instituições que antes já firmaram pactos com o presidente.

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