Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

242 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


José Raimundo de Morais.

Tenho muito orgulho da singeleza e humildade que caracterizaram a vida do meu pai. Na década de 60 do século passado café era um produto difícil de se encontrar no mercado. As sacas que chegavam a Várzea-Alegre eram contrabandeadas, escondidas nas mercearias e pouca gente podia adquirir.

Naquela época também não existiam as embalagens de hoje, sacos e sacolas plásticas. Os produtos eram colocados em pacotes feitos com papel de embrulho, fácil de estragar.

O meu pai comprou cinco quilos de café cru na mercearia de Luiz Cavalcante, de quem foi fregues e amigo por toda sua vida, e quando passava na Rua dos Lobos, em frente à casa do Chico de Umbelino, o pacote se desfez e foi caroço de café pra todo lado. Papai ia saindo quando o Chico gritou: compadre José André pegue este saco e vamos juntar o café, quando chegar em casa você manda separar as impurezas e quando torrar a temperatura mata qualquer espécie entranha que porventura exista. Dito e feito, nesse dia, o serviço nosso foi catar caroço por caroço, um por um.

O meu pai nasceu e viveu no sitio Sanharol a um km da sede do município, hoje, um bairro da cidade. Oito dias depois resolveu ir novamente à cidade e para não devolver o saco vazio apanhou no armazém uns 10 quilos de fava para levar como gratificação para o Chico de Umbelino, que era seu compadre.

Quando chegou à porta da casa, bateu palmas. A mulher gritou da cozinha quem é lá? Um menino botou a cabeça no corredor e viu meu pai com o saco no ombro e disse: mãe é um velho pedindo esmola!

A comadre saiu com uma xícara de fava para doá-lo.



7 comentários:

  1. Não esqueça. Acesse Pedra de Clarianã -

    http://costacavalcante.blog.uol.br

    e conheca muito sobre Varzea-Alegre.

    Parabens Dr. Flavio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk o que encaravamos com a maior naturalidade, hoje é motivo de vergonha, e estes nomes esquisitos, que inventaram, para destruir o altruismo das novas gerações, complicam tudo. Ainda bem, que vivi um.pouco desta epoca.

      Excluir
  2. Morais, ontem estive lendo e hoje continuarei lendo o Pedra de Clarianã. O blog é excelente!
    Obrigada pela indicação.

    ResponderExcluir
  3. Morais...
    Muito obrigado pela homenagem.
    O Blog do Sanharol nos ensina e nos diverte ao mesmo. E será uma honra ter meus textos entres os seus, do Mundin,do Zé Sávio e outros tantos que enriquecem seu blog.
    Grande abraço e ótimas festas.

    Flavin...

    ResponderExcluir
  4. Pois é Prezada Gloria Pinheiro.

    O Flavim é varzea-alegrense, promotor de justiça, e vive no norte do país, um pouco distante, voce Cratense que vive em Cotia São Paulo, não menos distante, e eu aqui no Crato de modo que o humor dos rajalegrenses vai contagiando as vidas com risos, gargalhadas e transformando tudo em boas e sinceras amizades. Obrigado por Acessar tambem Pedra de Clarianâ.

    ResponderExcluir
  5. Morais, já está provado, jurado e sacramentado que Varzea Alegre é a Terra do Arroz, Terra do Contraste e Terra do Humor.
    E hajam risos quando li: Futebol no Cedro, Banco do Zaqueu, João Sem Braço, Salto no Futebol, Lanterninha, Cabo Sergin, Peixada, etc, etc... É humor certo e garantido! Bom demais da conta, sô! rsrsrs

    ResponderExcluir
  6. Kkkk.Bom demais esses contos, fico faxinada. Francisca Isabel.

    ResponderExcluir